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Voltar Promoção da paz e caminhos da não violência são temas do último dia do Seminário Trabalho Seguro

O 5º Seminário Internacional do Programa Trabalho Seguro foi encerrado nesta sexta-feira (18) com a conferência “O caminho da não violência”, do professor Alain Supiot, do Collège de France.

Na programação do último dia do 5º Seminário Internacional Trabalho Seguro foram abordados, entre outros assuntos, a promoção da paz e os caminhos da não violência no ambiente de trabalho. O final do evento, iniciado na quarta-feira (16), também teve homenagens a ministros do Tribunal Superior do Trabalho e contou com a presença do ganhador do Prêmio Nobel da Paz de 2014, o indiano Kailash Satyarthi.

No encerramento, o presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST) e do Conselho Superior da Justiça do Trabalho (CSJT), ministro Brito Pereira, destacou que os três dias de seminário foram muito produtivos e trouxeram reflexões sobre assuntos de grande relevância.

Confira algumas fotos do evento.

Confiança

Para o professor francês Alain Supiot, do Collège de France, que realizou a conferência de encerramento com o tema “O caminho da não violência”, é plenamente possível o mundo do trabalho sem violência, desde que haja boa vontade e se pratiquem ações visando ao diálogo e à promoção da liberdade sindical. O especialista falou da formação da personalidade humana e das diferenças básicas entre seres humanos e animais irracionais – entre elas a linguagem. “Precisamos confiar na palavra do outro. Essa é a principal condição do Estado não violento. Também é preciso ter solidariedade e cooperação mútua”, disse.

Ações cotidianas

Na conferência “Violência nas Relações de Trabalho: Qual é o nosso papel?”, a advogada Ruth Manus, professora de Direito do Trabalho e Direito Internacional, propôs uma autorreflexão para a identificação de ações cotidianas que podem explicar os fenômenos sociais por trás dos atos de violência nas relações de trabalho. Também buscou evidenciar atitudes que reforçam ou culminam em atos violentos contra os trabalhadores, principalmente nos grupos mais marginalizados, como mulheres e negros. “Quem de nós pode tratar a violência no trabalho como assunto de terceiros, e não nosso?”, questionou.

Pacificação

O juiz Haroldo Dutra Dias, do estado de Minas Gerais, ministrou a conferência “A promoção da paz como meio de superação da violência”. Segundo o magistrado, durante muito tempo as empresas tentaram separar o ambiente empresarial dos valores da espiritualidade e da ética e criar um ambiente artificial com práticas desumanas. “Hoje, as empresas estão se abrindo para acolher a diversidade humana e entendendo que essa é a base da convivência pacífica, da maior produtividade e de um ambiente favorável ao trabalho”, disse.  A construção da paz, a seu ver, não se sustenta se for apenas um movimento de fora para dentro. “É como colocar um veículo em movimento, mas sem combustível”, concluiu.

Superação

Na primeira exposição do Painel “Superação da Violência”, a professora Gabriela Neves Delgado, da faculdade de Direito da UnB, abordou o tema “Tutela jurídica em face da violência no trabalho”. A expositora afirmou que trabalhadores submetidos a relações precárias tendem a sofrer mais violência e que isso pode resultar em danos físicos, psicológicos ou emocionais imediatos ou de longa duração.

O médico Laerte Idal Sznelwar, especialista em ergonomia, saúde do trabalhador e psicodinâmica do trabalho, abordou o tema “A intervenção transformadora na organização do trabalho”. Para ele, o processo civilizatório recomeça a cada nascimento, e é necessário que todos aprendam que não somos capazes de sobreviver sem o outro. “Vivemos grandes paradoxos entre competição e cooperação, individualismo e coletividade. Mas é fundamental entendermos que não dá para jogar futebol sozinho”, exemplificou. “O outro é necessário até mesmo para competir”.

A última exposição foi a do desembargador Ney de Barros Bello Filho, do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região (RJ), que abordou o tema “O assédio moral no serviço público: aspectos legais e éticos” e explicou que o assédio só se caracteriza se a situação for constrangedora ou humilhante. Na sua avaliação, o assédio institucionalizado é o mais grave. “Para combatê-lo, deve-se ter um planejamento que não confunda assédio com cobrança racional de resultados”, afirmou.

Homenagens

O ministro Brito Pereira aproveitou o encerramento do seminário para homenagear o ministro aposentado João Oreste Dalazen, que presidiu o TST e o CSJT no biênio 2011/2013 e criou, em 2012, o Programa Trabalho Seguro, hoje consolidado. “Trata-se de homem público notável, que se dedicou à Justiça do Trabalho com manifesta devoção e grande entusiasmo”, ressaltou. “Ele percebeu o mal que os acidentes de trabalho e as doenças ocupacionais trazem à sociedade e trabalhou para despertar em todos a importância de preveni-los e de promover um ambiente seguro para os trabalhadores.

O corregedor-geral da Justiça do Trabalho, ministro Lelio Bentes Corrêa, também foi homenageado pelo ministro Brito Pereira pelo trabalho desenvolvido em prol das crianças e adolescentes. O ministro Lelio Bentes Corrêa se disse emocionado com a lembrança e destacou que a Organização Internacional do Trabalho (OIT) completa 100 anos em 2019, reafirmando seu compromisso de que “sem justiça social não há paz duradoura”.

Para a ministra Delaíde Miranda Arantes, coordenadora do Programa Nacional de Prevenção de Acidentes de Trabalho, o seminário ressaltou a importância da prevenção do acidente de trabalho físico e das várias doenças ocupacionais resultantes de um ambiente pouco saudável e despreocupado com as normas de segurança e saúde.

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(GL/LF/AB/IT/JS/AJ – Fotos: Fellipe Sampaio/Giovanna Bembom)

Divisão de Comunicação do CSJT
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