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Voltar Nádia Rebouças abre encontro de Responsabilidade Socioambiental da JT no Pará

 

03/12/2015 – Teve início nesta quinta-feira (3) o I Encontro Nacional de Gestão da Responsabilidade Socioambiental da Justiça do Trabalho, realizado pelo Conselho Superior da Justiça do Trabalho (CSJT) em parceria com o Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região (TRT8).

O primeiro painel do encontro foi apresentado pela especialista em comunicação para transformação Nádia Rebouças, que falou sobre “A sustentabilidade e os novos paradigmas de ação e relacionamento”.

A palestra traçou um caminho histórico sobre sustentabilidade e levantou questionamentos importantes para a formação de uma consciência sobre o tema. “Temos muita gente jovem, que não conhece esta história de como esse tema se desenrolou, como ele aconteceu e quais as reações. A gente sente que é um processo onde estamos trabalhando mudança de consciência de uma sociedade. O trabalho que temos é muito simples, é mudar uma civilização, e isso não é uma coisa que acontece por um passe de mágica”, ressaltou.

A trajetória histórica traçada por Nádia inicia com a Eco92, ocorrida no Rio de Janeiro, onde, pela primeira vez se abordou o tema. A especialista recorda que houve uma surpresa com aquilo e um descrédito, porque os cientistas já falavam da ameaça para o clima e ninguém acreditava. “Conto essa história muito pessoalmente porque eu não conheço esta realidade de ler nos livros, eu conheço de ter vivido. Foi uma surpresa enorme descobrir as Ongs ambientalistas na Alemanha e tudo mais. Caiu uma grande ficha para mim. Eu trabalhava com propaganda, vendendo um monte de produtos inúteis para a vida das pessoas e me dei conta de que todas as técnicas da publicidade poderiam ser usadas para vender ideias novas, para que as pessoas percebessem o que estavam fazendo com sua vida e a vida do planeta. Desde então venho trabalhando com um conceito que chamo de comunicação para transformação. Ou seja, como eu posso fazer uma comunicação de ideias, de produtos e de causas buscando basicamente transformar mentalidade, porque esta é a grande tarefa que a gente tem que fazer”. 

Nádia abordou ainda momentos cruciais da civilização, como a queda das torres gêmeas e o fim do muro de Berlim, o significado desses acontecimentos dentro deste contexto e o que ocorreu a partir deles. Contou também sobre o sociólogo Betinho, que inclusive tem o filme que conta sua trajetória incluída na programação do evento. “Ele foi o primeiro homem que trouxe o conceito da responsabilidade social, convocando a cidadania a participar. Trabalhei com Betinho por seis anos, onde fiz a comunicação para o Brasil levando a consciência da fome, que era uma coisa que as pessoas pensavam ser estrutural. O Betinho sabia muito bem que ele estava apontando para a consciência de uma coisa absolutamente indigna e que, através disso, outras coisas iriam se transformar, então ele foi para o emprego, para a terra, para uma série de outros temas”. 

Dentro desta trajetória destacou o momento em que as empresas falam pela primeira vez em responsabilidade social corporativa, depois houve um amadurecimento, quando se criam indicadores e metas, para que os empresários começassem a aplicar este conceito. “A primeira reação foi filantropia, o que de certa forma era um pouco o caminho que o Betinho estava fazendo naquele momento, e logo depois isso foi se sofisticando, saímos da responsabilidade social, passamos a ter responsabilidade social e ambiental, e desse conceito vamos para sustentabilidade, que é a palavra mais falada do mundo e possivelmente a menos entendida e certamente a menos exercitada. O número de possibilidades que se abre para a vida das pessoas, para a atividade empresarial e para a atividade governamental no momento que você muda a consciência e percebe que a sustentabilidade é uma ação sistêmica de transformação, são enormes”. Com relação ao mundo público, destacou que este conceito de sustentabilidade ainda é muito fraco.

“Eu brinco com as pessoas que é muito desconfortável ser sustentável, porque o mundo do consumo criou um mundo confortável. Porque eu fazer um suco hoje dá trabalho e comprar uma caixinha não dá trabalho nenhum. Eu fingir que não existem animais, que eles estão embalados, escondidos. Meio que tudo virou embalagens maravilhosas, coloridas e que isso é assim, e eu não penso de onde isso vem, para onde isso vai, como eu descarto, nada disso.  Você tem uma mudança muito grande individualmente, nas empresas que têm que começar a pensar no que elas fazem. As pessoas não têm consciência, a não ser quando acontece um desastre e você se dá conta de que ele custa muito mais, porque custa a reputação de sua marca”, ressalta. 

Dentro desta proposta de comunicação Nádia destacou ainda as mudanças que a tecnologia proporcionou às pessoas com relação ao acesso às informações. “Isso também pode trazer uma transformação muito forte, porque as pessoas começam a questionar as coisas a partir do momento que elas vão acontecendo. Se por um lado começa a ter mais informação, ela não está sendo capaz de transformar esta comunicação em conhecimento e em novas ações. Acredito profundamente na comunicação para transformação, nós precisamos sensibilizar as pessoas, não é o governo e não é a empresa. São pessoas que estão dentro destes lugares que podem fazer uma transformação”.

“Vou tentar em uma hora botar estas minhocas na cabeça de todo mundo. Acho inclusive este momento muito feliz porque vocês estão discutindo sustentabilidade pela primeira vez quando vivemos o maior desastre ambiental que tivemos neste país, e, ao mesmo tempo, que a alta liderança do mundo está discutindo o clima na COP 21. É muito importante quando a gente vem para a justiça, porque a gente vai para o direito. O direito a ter um meio ambiente, o direito a ter meus direitos atendidos, o que é absolutamente fundamental para se ter um mundo onde as pessoas possam ser mais felizes. Essa consciência vem muito lentamente e rezo para que caiam estas fichas, para que a gente consiga agir de uma maneira forte, antes que o desastre seja impossível de se controlar”, finalizou.

Toda a programação do evento, que acontece até esta sexta-feira, estará sendo transmitida ao vivo pela internet a todos, por meio da aba Auditório ao Vivo, em Magistrados e Servidores, no Portal do TRT8, a partir das 9h. Acompanhem!

Fonte: TRT-8

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