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Voltar Servidores de Comunicação Social da Justiça do Trabalho fazem curso sobre acessibilidade em produtos de comunicação

Intenção é melhorar o diálogo com pessoas com deficiência e ampliar a divulgação de informações produzidas no âmbito do Tribunal e também dos TRTs

Símbolo universal de acessibilidade.

Símbolo universal de acessibilidade.

9/5/2023 - Como forma de ampliar a inclusão de pessoas com deficiência nas matérias jornalísticas em texto e em vídeo produzidas no âmbito do Tribunal Superior do Trabalho (TST), no Conselho Superior da Justiça do Trabalho (CSJT) e também nos 24 Tribunais Regionais do Trabalho (TRTs), o Centro de Educação Corporativa da Justiça do Trabalho (Ceduc-JT) promoveu, no mês passado, o curso “Acessibilidade Comunicacional”.

O tema foi tratado em evento on-line, na plataforma Meet, pela consultora em acessibilidade, diversidade e inclusão Ciça Cordeiro. Ela é coordenadora de comunicação na Talento Incluir, empresa que promove a empregabilidade de pessoas com deficiência no mercado de trabalho nacional.

Participaram do curso 59 jornalistas que atuam diariamente na produção de conteúdo no TST e também nos TRTs. O grupo pôde aprofundar o conhecimento sobre temas como a descrição de imagens e os termos adequados para tratar da questão.

Atualmente, segundo dados do Censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 8,4% da população brasileira têm algum tipo de deficiência, o que representa 17,3 milhões de pessoas. Dessas, pelo menos 9 milhões estão aptas a trabalhar, mas apenas 486 mil estão contratadas com carteira assinada, de acordo com dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) de 2020.

Acessibilidade

Segundo Ciça Cordeiro, o termo é muito mais amplo do que se costuma imaginar. Acessibilidade significa disponibilidade de acesso a todas as pessoas em qualquer lugar (físico, serviço, produto ou informação), sem nenhum tipo de barreira. “Não há como falar em diversidade e inclusão sem falar em acessibilidade”.

Planejamento

A palestrante destacou que é preciso incluir a questão da acessibilidade desde o início da realização de cada projeto e de cada evento de comunicação. “Esse passo não é um gasto, e sim um investimento”, observou. 

Autodescrição

Em vídeos, segundo a jornalista, é importante que cada palestrante se descreva para os demais participantes, dando uma ideia geral das suas principais características físicas.

Outra dica da profissional é, em caso de eventos realizados pela internet, seja pelo Zoom ou pelo Meet, orientar a pessoa com deficiência para que ela mesma fixe a janela do intérprete da Língua Brasileira de Sinais (Libras) na sua página principal, para que possa acompanhar tudo o que está sendo discutido.

Os vídeos também devem ter a janela de Libras, além da legenda de audiodescrição (que traz a descrição dos diálogos e os elementos narrativos não verbais, como os sons ambientes, trilhas e efeitos sonoros).

Capacitismo

Também é necessário evitar a utilização de termos capacitistas (preconceituosos) nos textos de comunicação. A própria palavra ‘deficiência’, segundo Ciça Cordeiro, não pode ser utilizada como forma de indicar ineficiência. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o termo deve ser utilizado para falar sobre incapacidade física, mental, intelectual ou sensorial, total ou parcial, temporária ou permanente. 

Termos

Atualmente, o termo correto a ser utilizado é “pessoa com deficiência”. Não se usa mais expressões como “pessoas portadoras de deficiência”, “com necessidades especiais” ou “especiais nem a palavra “deficiente” para indicar uma pessoa específica.

Também não é correto utilizar a palavra “surdo-mudo”, já que as pessoas surdas não necessariamente não sabem falar ou não têm as cordas vocais. O termo “pessoa surda” é a forma correta de se referir a esse público.

Também não se deve falar em pessoa “normal”, mas em pessoa “sem deficiência”.

Descrição de imagens

Voltado para pessoas cegas ou com baixa visão que utilizam computadores ou celulares, a descrição de imagens pode utilizar as hashtags identificadoras #PraTodosVerem #Pracegover ou #DescriçãodeImagem.

Segundo Ciça Cordeiro, esse recurso dá uma panorama mais completo para a pessoa com deficiência. É preciso, porém, ser objetivo e evitar o excesso de informações, além de descrever as características físicas, as vestimentas e as cores presentes na imagem. E lembre-se: não utilize verbos de movimento em imagens estáticas.

“As pessoas fazem associações. Por exemplo, a cor vermelha é associada a algo quente. Então, falar de cores não é excesso de informação. É preciso falar o fundamental e não fazer avaliações sobre a imagem em si, mas contextualizá-la”, enfatizou a palestrante.

Outro recurso é incluir a hashtag ao final do texto, caso o espaço da legenda seja insuficiente para todas as informações da descrição.

Inclusão

Ainda de acordo com Ciça Cordeiro, todas essas mudanças listadas no curso “Acessibilidade Comunicacional” também vão incluir outras pessoas como idosos, pessoas com baixo letramento e até estrangeiros em fase de aprendizagem da língua portuguesa. Portanto, são instrumentos para dar acesso a toda a sociedade a conteúdos em geral.

Além do Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei 13.146/2015), a Norma Brasileira 9050 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) traz as regras técnicas sobre diversos aspectos, desde rampas para cadeirantes até o tamanho das janelas de descrição e do intérprete de Libras em vídeos.

(Juliane Sacerdote/CF)

Rodapé Responsável DCCSJT