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Voltar Protagonismo jovem e racismo são abordados em seminário sobre combate ao trabalho infantil

O seminário “Sociedade globalizada, mundo do trabalho, crianças e adolescentes: que futuro queremos?” foi promovido pelo Programa de Combate ao Trabalho Infantil e Estímulo à Aprendizagem da Justiça do Trabalho;

Adolescente lavando para-brisa de carro (foto: Valter Campanato/Agência Brasil)

Adolescente lavando para-brisa de carro (foto: Valter Campanato/Agência Brasil)

26/11/2021 - O seminário “Sociedade globalizada, mundo do trabalho, crianças e adolescentes: que futuro queremos?”, promovido pelo Programa de Combate ao Trabalho Infantil e Estímulo à Aprendizagem da Justiça do Trabalho, foi realizado nesta sexta-feira (26). Na segunda parte do evento, foram abordados temas como inclusão digital, racismo e o protagonismo jovem.

A primeira parte do evento abordou os efeitos da pandemia sobre o trabalho infantil. 

Saiba mais: Efeitos da pandemia e novas perspectivas no combate ao trabalho infantil são debatidos em seminário

Mundo antigo x mundo 4.0

Para o desembargador do Tribunal Regional do Trabalho da 16ª Região (MA) e um dos gestores nacionais do Programa de Combate ao Trabalho Infantil e Estímulo à Aprendizagem da Justiça do Trabalho, James Magno Araújo Farias, o chamado mundo 4.0 tem uma série de novidades tecnologicas com inteligência artificial e concentração de serviços pelo smartphone, no entanto, ele enfatiza que esse novo mundo continua precisando de mão de obra humana. 

“Com essa pandemia do novo coronavírus, milhares de jovens não tiveram condições de acompanhar as aulas on-line e foram obrigados a buscar colocações de trabalho para ajudar em casa a troca de pequenas quantias”, pontuou.

Confira a exposição na íntegra:

Fiscalização

Na opinião do juiz Guilherme Guimarães, do TRT da 2ª Região (SP), o Brasil tem uma quantidade insuficiente de auditores do trabalho e várias situações de trabalho infantil no país acabam não sendo identificadas e penalizadas. “É preciso ter esses dados estatíticos para termos uma política efetiva de combate ao trabalho infantil no Brasil”.

Confira como foi a exposição

Exclusão digital

Segundo o economista Márcio Pochmann, o Brasil pré-pandemia já apresentava números significativos de pessoas que não tinham acesso à internet. “Com a necessidade de fechar as escolas, milhares de alunos simplesmente abandonaram as salas de aula por não terem celulares e computadores com acesso à internet. Vários pais e mães também perderam o emprego durante esse período”, destacou. A crise econômica, de acordo com ele, fez com que o Poder Executivo pagasse auxílio a quase 40% da população brasileira.

Confira a exposição:

Inclusão x diversidade

O reitor da Universidade Zumbi dos Palmares, José Vicente, apresentou uma explanação acerca da realidade vivida atualmente pelos jovens brasileiros de 15 a 25 anos. “A maioria desse grupo é formado por negros pobres que sofrem não apenas com a evasão escolar, a pobreza e a violência urbana. Todos os dias eles ainda enfrentam a violência policial em vários estados brasileiros. É o genocídio da nossa juventude negra. É preciso ter políticas mais consistentes por parte do Estado”, enfatizou.

Assista a exposição:

Racismo

A procuradora do trabalho Elisiane dos Santos destaca que não é mais possível falar do trabalho infantil no Brasil sem, primeiro, enfrentar a questão racial dentro do nosso país. “Os navios negreiros trouxeram milhões de pessoas à força para serem explorados nas nossas lavouras”, enfatizou ao lembrar que apenas com a promulgação da Constituição Federal de 1988 o país reconheceu as crianças e os adolescentes como seres com direitos sociais.

“Apenas quando enfrentarmos as questões raciais, a luta por moradia, a igualdade racial no trabalho e a questão alimentar é que poderemos elaborar políticas públicas para superar a questão do trabalho infantil no Brasil”, concluiu.

Assista a íntegra da exposição da procuradora:

Protagonismo Jovem

A conferência de encerramento ficou por conta da palestra do doutor em Ciências da Educação, Alessandro Marimpietri, que também é psicólogo, professor e neuropsicólogo. O docente, que abordou o tema “O Protagonismo Jovem”, destacou a importância de preservar e proteger a infância no presente, para uma construção social futura mais efetiva. “O infantil é o tempo das descobertas, é o tempo do ineditismo e do novo, e se nós, de alguma maneira, criamos algo como sociedade, nós o fazemos porque mantemos viva a esperança, o interesse e a curiosidade da infância dentro de nós, de forma individual ou coletiva”, afirmou.

Marimpietri explica que o período da adolescência não deve ser visto apenas como uma fase da vida, mas, sim, como um “modo de existir”, em que o indivíduo começa a compreender mais sobre si e sobre o mundo em que está inserido. “Sociedades que não conseguem priorizar ou proteger os seus jovens, são sociedades com problemáticas estruturais em saúde, educação e segurança pública. Logo, o plano de ação social deve ser pensado para proteger toda e qualquer possibilidade que as crianças e adolescentes do nosso país tenham de viver a sua infância e juventude”, concluiu.

Assista a conferência de encerramento:

Medalhista olímpico

No final do evento, o medalhista olímpico e lutador de boxe brasileiro, Abner Teixeira, deixou um depoimento sobre a importância da educação em sua trajetória profissional e ressaltou a importância de eventos como o seminário. “Eu comecei no esporte por meio de um projeto social da Liga Sorocabana de Boxe, chamado ‘Boxe – Mãos para o futuro’, que tem como um dos objetivos comuns, resgatar crianças de ambientes hostis ou de trabalho na infância, o que é de extrema importância”, conta.

Confira o depoimento:

(JS/MG/AJ)

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